quinta-feira, 17 de dezembro de 2009

Cientistas britânicos descobrem o código genético do cancro da pele e do pulmão

Cientistas britânicos do 'The International Cancer Genome Consortium' descobriram o código genético do cancro da pele e do pulmão.
O artigo foi publicado na revista "Nature", na qual o grupo de cientistas aponta o tabaco e os raios ultravioletas como responsáveis pelas mutações que desencadeiam o crescimento anormal de células (tumores) nos pulmões e na pele, respectivamente.

"A identificação das mutações das células cancerosas nos tumores do pulmão e nos da pele foi obtida por cientistas britânicos, naquele que parece ser o primeiro passo na descodificação de todas as formas da doença. A descoberta abre caminho, num prazo de anos, a novas terapias, meios de diagnóstico precoce e sobretudo à melhor compreensão do cancro

A ciência conseguiu decifrar o código genético de dois dos cancros mais comuns e mortais, o da pele e dos pulmões, abrindo caminho a potenciais curas e a inovadores meios de diagnóstico que permitirão identificar a doença de forma precoce. As aplicações são enormes, embora à distância de anos, e os estudos, publicados na Nature, estão a avançar em outras formas da doença.

Os cancros são mutações de células saudáveis causadas por factores ambientais. As células doentes acumulam-se em tumores capazes de criar rupturas nas funções dos diferentes órgãos atingidos. A identificação das mutações que ocorrem em células saudáveis permitirá compreender a doença de forma mais detalhada e, eventualmente, levará a um simples teste de sangue que permitirá perceber quais as melhores terapias para cada doente. A complexidade da doença é o maior desafio: o tumor dos pulmões envolve 23 mil mutações das células saudáveis e o melanoma da pele mais de 33 mil.

A descoberta foi anunciada pelo Instituto Wellcome Trust Sanger, de Cambridge, no Reino Unido. Segundo explicou Mike Stratton, líder britânico da equipa que realizou o trabalho, esta descoberta muda a forma como os cientistas olham para a doença: "Este é um momento fundamental na história da investigação do cancro", afirmou o académico, citado pela BBC.

O Instituto Sanger usou tecnologia sofisticada para identificar as sequências de genes nos tecidos do tumor e nos tecidos das células normais. A comparação dos dois permitiu identificar milhares de diferenças, mas para encontrar aquelas que verdadeiramente matam os doentes serão necessários anos de trabalho adicional.

A identificação do código genético de duas formas de cancro é ainda um passo na procura de curas para a doença. Há equipas em dez países que, integrados num consórcio internacional do genoma do cancro, tentam completar as sequências de ADN de todos os tipos da doença existentes. Os americanos concentraram-se em várias sequências (cérebro, ovários), os ingleses estão a estudar o cancro da mama, os japoneses concentram-se no do fígado e a China está a investigar a genética do cancro do estômago. A conclusão deste trabalho levará pelo menos mais cinco anos.

A tarefa parece gigantesca: em Agosto, uma equipa americana conseguira decifrar o código genético de um doente com leucemia, mas as sequências de mutações eram totalmente diferentes daquelas que tinham sido identificadas um ano antes, noutro doente. Identificar as mutações que são verdadeiramente perigosas não é fácil e, por exemplo, das 23 mil presentes no cancro do pulmão, a maioria parece ser inofensiva.

No entanto, o estudo detalhado dos catálogos de cada forma da doença poderá levar os cientistas a perceber no futuro o impacto dos factores ambientais na base das mutações. Os benefícios potenciais destes avanços serão recolhidos pela próxima geração da humanidade, avisam os cientistas. "
in Diário de Notícias, 17 de Dezembro de 2009

Fernanda

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