quarta-feira, 13 de janeiro de 2010

Dados da associação Europacolon Portugal

"Linha de apoio ao cancro do intestino é mais procurada pelas mulheres"
Mais de metade das pessoas que procuram aconselhamento na linha de atendimento sobre o cancro do intestino são mulheres, mas a maioria das chamadas é realizada pelos familiares dos doentes, segundo dados da associação Europacolon Portugal.

O cancro do cólon e recto é o tumor que mais mata em Portugal, sendo responsável por perto de quatro mil óbitos por ano, segundo a Sociedade Portuguesa de Endoscopia Digestiva (SPED).

A Associação de Luta contra o Cancro do Intestino adianta que cerca de metade dos portugueses ainda não reconhece nenhum dos sintomas da doença e adopta comportamentos de risco que facilitam o seu aparecimento, sobretudo através de maus hábitos alimentares. Para esclarecer e aconselhar sobre este tipo de cancro, a Europacolon Portugal criou há dois anos uma linha de apoio (808 200 199) que já recebeu mais de mil chamadas.

Da população que procura aconselhamento da Europacolon, mais de metade (cerca de 56 por cento) são mulheres. As chamadas provêm maioritariamente da zona de Lisboa (34 por cento) e a faixa etária que pede mais ajuda situa-se entre os 40 e os 79 anos, referem dados avançados à Lusa. A maioria das chamadas (68 por cento) é realizada pelos familiares dos doentes.

O medo do rastreio, o tipo de apoio que existe para os doentes oncológicos, reformas ou subsídios de apoio, comparticipação para exames, o rastreio que é realizado e como se efectua a preparação do exames são outras informações solicitadas por quem procura a Europacolon.

Futura rede nacional de cuidados em oncologia

O Governo tem em discussão pública o projecto sobre a futura rede nacional de cuidados em oncologia, que prevê o encerramento de todas as unidades com menos de 500 novos casos anuais. Para a Europacolon, os cuidados em oncologia devem ser prestados "o mais próximo possível da residência do doente e com o melhor nível de qualidade".

Também a Sociedade Portuguesa de Endoscopia Digestiva (SPED) alertou hoje para as "grandes dificuldades" de marcar em "tempo útil" colonoscopias através do Sistema Nacional de Saúde e apelou ao Governo para "facilitar" o acesso aos exames de diagnóstico ao intestino.

"É uma situação dramática", disse a presidente da SPED, na véspera da audição parlamentar da ministra da Saúde sobre "A situação da oncologia em Portugal", requerida pelo PSD. Segundo Isabelle Cremers, os exames de diagnóstico ao intestino (colonoscopia e fibrossigmoidoscopia) são "difíceis de marcar, em tempo útil, porque há poucos sítios onde possam ser realizados".

"O que se passa é que a comparticipação não cobre os custos e, portanto, as pessoas não fazem esses exames no sector privado, mas também é muito difícil conseguir fazê-los pelo Serviço Nacional de Saúde (SNS)", sustentou, lembrando que a situação é mais fácil quando os doentes têm subsistemas ou seguros de saúde.

Rastreios

Como não há capacidade para fazer este exame, a presidente da APED defende que deve fazer-se, pelo menos, a fibrossigmoidoscopia a todas as pessoas com mais de 50 anos, desde que não tenham antecedentes familiares de doença. Actualmente, os médicos de família estão autorizados a pedir um exame para detectar sangue oculto nas fezes, mas a gastroentrologista considera-o "pouco sensível" e revela muitos falsos positivos.

O PSD apresenta hoje um projecto de lei que pretende criar instrumentos para que se passe "da teoria à prática" na concretização do plano das doenças oncológicas e no combate da doença. "A razão deste debate tem como objectivo central contribuir para que a oncologia deixe de ser o parente pobre da política de saúde deste Governo", adiantou a deputada do PSD Rosário Águas.

Desta forma, durante o debate sobre a situação da oncologia em Portugal que os sociais-democratas agendaram para amanhã na Assembleia da República, o partido irá apresentar um projecto de lei que tenta "ir directamente às causas na inoperacionalidade dos planos oncológicos". Sem revelar pormenores do diploma, Rosário Águas referiu tratar-se de um projecto de lei que pretende criar condições para "a concretização efectiva do combate à doença", de acordo com os princípios definidos pela classe médica."
in, Público, 13 de Janeiro de 2010

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